Um capricho da natureza, uma anomalia geológica, fez-me nascer assim, diamante com tonalidades verdes e rosa.
Não de um verde que se possa chamar verde, de um rosa que se possa chamar rosa.
O verde é como se um pouco de água do mar ficasse em mim aprisionada desde o tempo em que os homens não molestavam as pedras porque as consideravam sagradas.
É uma suspeita de verde apenas visível ao pôr-do-sol ou à luz das velas, e nem todos os mortais conseguem apreender o seu clarão.
O rosa, ao contrário, só é visível de madrugada, como se eu tivesse absorvido uma nuvem de sol nascente ou trouxesse no coração uma rosa do jardim mais exótico da terra.
Sou rara e linda e tão vaidosa que gostaria de escolher o meu destino.”
– Rosa Lobato de Faria, in “Pedra Rara, Dispersos e Inéditos”
"Conforta-me pensar que a vida não começa nem acaba aqui.
Um dia regressaremos ao lugar de onde viemos, um lugar de repouso e de paz, um lugar livre de mágoas.
Mas quantos lugares de dor teremos de atravessar para alcançá-lo?
Quanta tristeza, quanto sofrimento, quanta crueldade no destino do Homem!
E se o mundo é repleto de maravilhas é só para não perdermos de vista a morada original, que nos aguarda ao fim dos nossos doze trabalhos de Hércules, e a que os poetas e os místicos chamam paraíso e eu chamo, simplesmente, amor."