- Pai, não aguento mais a minha vizinha! Quero matá-la, mas tenho medo que descubram. O senhor pode ajudar-me?
O pai respondeu:
- Posso sim, meu amor, mas tem um “porém”...vais ter que fazer as pazes com ela para que ninguém desconfie que foste tu, quando ela morrer. Vais ter que cuidar muito bem dela, ser gentil, agradecida, paciente, carinhosa, menos egoísta, retribuir sempre, escutar mais...Estás a ver este pozinho aqui?
Todos os dias vais colocar um pouco na comida dela. Assim, ela vai morrer aos poucos.
A filha feliz, agradeceu ao pai e disse que ia fazer tal como o pai tinha sugerido.
Passados 30 dias, a filha voltou e disse ao pai:
-Pai, eu já não quero que ela morra! Eu passei a amá-la. E agora? Como faço para cortar o efeito do veneno? Não quero que ela morra, pai!
O pai, então, respondeu:
- Não te preocupes! O que eu te dei foi pó de arroz. Ela não vai morrer, pois o veneno estava em ti!
Sabes filha, gostaria que entendesses isto:
Quando alimentamos rancores, morremos aos poucos.
Que possamos fazer as pazes conosco e com quem nos ofendeu.
Que possamos tratar os outros, como gostaríamos de ser tratados.
Que possamos ter a iniciativa de amar, de dar, de doar, de servir, de presentear...e não só a de querer ganhar, ser servido, tirar vantagem e explorar o outro.
Para que o amor esteja em nós todos os dias, é necessário nos purificarmos com este antídoto chamado perdão."
“Preocupa-nos que os nossos estudantes entrem para a universidade com fraco desempenho académico.
Pois eu acho mais preocupante ainda que os nossos jovens cresçam sem referências morais.
Estamos empenhados em assuntos como o empreendedorismo como se todos os nossos filhos estivessem destinados a serem empresários.
Ocupamos em cursos de liderança como se a próxima geração fosse toda destinada a criar políticos e líderes.
Não vejo muito interesse em preparar os nossos filhos em serem simplesmente boas pessoas, bons cidadãos do seu país, bons cidadãos do mundo.
Escrevi uma vez que a maior desgraça de um país pobre é que, em vez de produzir riqueza, vai produzindo ricos.
Poderia hoje acrescentar que outro problema das nações pobres é que, em vez de produzirem conhecimento, produzem doutores (até eu agora já fui promovido..,) .
Em vez de promover pesquisa, emitem diplomas.
Outra desgraça de uma nação pobre é o modelo único de sucesso que vendem às novas gerações.
E esse modelo está bem patente nos vídeo-clips que passam na nossa televisão: um jovem rico e de maus modos, rodeado de carros de luxo e de meninas fáceis, um jovem que pensa que é americano, um jovem que odeia os pobres porque eles lhes fazem lembrar a sua própria origem.
É preciso remar contra toda essa corrente.
É preciso mostrar que vale a pena ser honesto.
É preciso criar histórias em que o vencedor não é o mais poderoso.
Histórias em que quem foi escolhido não foi o mais arrogante mas o mais tolerante, aquele que mais escuta os outros. “