As minhas sapatilhas de ballet
Estava a fazer umas arrumações cá em casa e encontrei as minhas sapatilhas de ballet.
Que emoção!!!!
Devem ter uns 25 a 30 anos!
Que lindas e que memórias me trazem!
Lembro-me que quando pedi à minha mãe para me inscrever nas aulas de ballet (a minha paixão), ela ter recusado, deu-me um redondo não, porque as aulas eram muito caras, porque não tinha futuro como bailarina, porque o melhor era estudar para médica, engenheira ou professora.
Não fui bailarina, nem médica, nem engenheira, nem professora.
Mas tive as minhas aulas de ballet.
Tinha uma vizinha que fazia camisolas de lã à máquina, e como sobravam muitos pedaços de lã, ensinou-me a fazer palhaços de lã.
Como sabia que eu era apaixonada pelo ballet, decidiu vender os meu palhaços de lã na paróquia, nas festas de freguesia e na loja onde comprava as lãs.
Trabalhei imenso, cortei os dedos com a tesoura até acertar, fartei-me de montar e desmontar os palhaços, não vá a dona da loja devolvê-los, mas era tão determinada e persistente na altura, que sofria, só para ter o dinheiro para pagar as aulas de ballet.
E consegui!
Durante 10 anos tive aulas de ballet, nos primeiros anos à conta dos palhaços de lã, depois consegui trabalho numa agência de navegação e pude pagar as aulas.
Tornei-me instrutora/monitora de dança moderna e ballet durante mais 10 anos.
Nessa altura aprendi uma grande lição.
Quando queremos muito, mas mesmo muito alguma coisa, temos de lutar por ela.
E que conseguimos ter tudo o que sonhamos!
Adoro dançar e faço-o todos os dias, nem que sejam só 20 minutos.
Afinal, nasci no Dia Internacional da Dança.
Um abraço
Luísa de Sousa