"Conforta-me pensar que a vida não começa nem acaba aqui.
Um dia regressaremos ao lugar de onde viemos, um lugar de repouso e de paz, um lugar livre de mágoas.
Mas quantos lugares de dor teremos de atravessar para alcançá-lo?
Quanta tristeza, quanto sofrimento, quanta crueldade no destino do Homem!
E se o mundo é repleto de maravilhas é só para não perdermos de vista a morada original, que nos aguarda ao fim dos nossos doze trabalhos de Hércules, e a que os poetas e os místicos chamam paraíso e eu chamo, simplesmente, amor."
"No viver devagar é que está o ganho caminhar na placidez de um rio que passa escrever um verso deixá-lo na boca em beijo olhar as coisas como o animal feroz em paz.
Dançar alegremente fora do poema no rodopio louco com mãos entrelaçadas desfocar a imagem à volta num momento esquecer a opressiva nitidez do mundo.
Não esquecer os fascinantes astros não dançam no céu mas coruscam pois sonham desistir do plasma inútil para que pudessem amar por um dia ser frágil como os Homens."
Se insistirmos em permanecer numa situação, mais do que o tempo necessário, perdemos as oportunidades e as alegrias das outras etapas que estarão por vir.
Encerrar ciclos, fechar portas, terminar capítulos – não importa a nomenclatura, o importante é não insistir, é não permanecer no que findou.
Terminou-se uma relação, os sentimentos extinguiram-se?
Perdeu-se o emprego?
Mudou-se para outro país?
As amizades tão longamente cultivadas desapareceram sem explicação?
Poderíamos passar muito tempo a questionar o que aconteceu.
Poderíamos tentar encontrar motivos e explicações.
Poderíamos nos convencer que não teremos mais forças, enquanto não entender-mos o porquê de certas coisas, que eram tão importantes e presentes na nossa vida, serem subitamente transformadas em nada.
Mas tal atitude não só será inútil, como levará á preocupação de todos aqueles que nos rodeiam: familiares e amigos.
Porque é preocupante ver que alguém está parado, enquanto o mundo continua.